Vivemos em uma era em que a diversidade é cada vez mais valorizada no ambiente corporativo, abrangendo pautas essenciais como inclusão e equidade.
As diferenças presentes no mercado de trabalho contribuem para a construção de ambientes mais inovadores, criativos e produtivos.
No entanto, um tipo de discriminação ainda pouco debatido e muitas vezes negligenciado começa a ganhar destaque: o etarismo, ou preconceito com base na idade.
Com a convivência de até cinco gerações diferentes no mercado de trabalho, torna-se essencial compreender essas diferenças e combater o etarismo, garantindo relações mais equilibradas e promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e inclusivo.
A seguir, vamos explorar o que é o etarismo, como ele se manifesta no ambiente profissional, os impactos das diferenças geracionais no dia a dia das organizações e, principalmente, como as empresas podem promover uma cultura mais inclusiva e produtiva para profissionais de todas as idades.
O que é etarismo?
Etarismo é o preconceito ou discriminação com base na idade. O termo é uma adaptação do inglês ageism, cunhado em 1969 pelo gerontologista Robert Butler para descrever a discriminação contra pessoas em razão da idade, principalmente contra as mais velhas.
No Brasil, o termo ganhou mais força com o avanço das discussões sobre inclusão etária e diferenças geracionais, à medida que a convivência entre diversas gerações em um mesmo ambiente se torna cada vez mais comum.
Diferente do que muitos pensam, o etarismo não se refere apenas ao preconceito contra pessoas mais velhas, mas também ao julgamento de pessoas jovens. Essa forma de discriminação pode se manifestar em atitudes individuais, comentários preconceituosos ou práticas institucionais, como a recusa em contratar profissionais mais velhos ou a exclusão de jovens por serem considerados “muito novos” para determinados cargos.

Etarismo no mercado de trabalho atual
O envelhecimento da população está reconfigurando o cenário profissional e trazendo tanto desafios quanto oportunidades. No Brasil, a expectativa de vida tem aumentado, sendo de 76,6 anos segundo o IBGE, enquanto as taxas de natalidade tendem a diminuir. Consequentemente, a força de trabalho está se tornando mais madura.
Sendo assim, um número maior de idosos está presente na sociedade e muitos deles buscam oportunidades no mercado de trabalho, sendo os principais motivos o complemento da renda familiar, a busca por realização pessoal, a manutenção da autonomia financeira e o desejo de continuar ativo e produtivo mesmo após a aposentadoria.
Apesar disso, muitos profissionais mais maduros ainda enfrentam barreiras para recolocação ou avanço na carreira, o que intensifica a pressão e o estresse relacionados à idade.
De acordo com o estudo global Talent Trends 2025 da Michael Page, 41% dos profissionais brasileiros já sofreram etarismo durante a carreira, índice superior à média global, que é de 36%. No Brasil, 70% dos trabalhadores com mais de 50 anos já enfrentaram dificuldades para se recolocar no mercado, e 69% afirmam ter perdido oportunidades de emprego por causa da idade, evidenciando o impacto direto do etarismo.
Outro ponto de destaque é a convivência entre profissionais de diferentes idades, que tem se tornado cada vez mais comum. Enquanto a população com mais de 50 anos cresce, as empresas integram também profissionais mais jovens, como os das gerações Z e Alpha, que trazem uma visão de mundo mais digital e flexível.
Quando bem estruturada e com o apoio institucional, essa convivência geracional proporciona uma rica experiência, combinando o conhecimento e a expertise de profissionais mais experientes com a agilidade e inovação de colaboradores mais jovens, integrados à era digital, gerando um ambiente inovador e repleto de oportunidades.
Leia também: Aposentados no mercado de trabalho: o que você precisa saber
Quais são as gerações do mercado de trabalho e suas características?
Atualmente, há cinco gerações presentes no mercado de trabalho: Baby Boomers, Geração X, Geração Y, Geração Z e a mais recente de todas, a Geração Alpha.
Cada uma apresenta características diferentes, que podem se tornar uma vantagem competitiva, especialmente para empresas que buscam inovação, criatividade e diferentes pontos de vista para alcançar o sucesso organizacional.
É importante destacar que essas características não são rígidas, e as pessoas podem se identificar com aspectos de diferentes gerações. No entanto, diversos estudos agrupam as características geracionais em perfis distintos, facilitando a compreensão de suas particularidades.
A seguir, vamos conhecer um pouco sobre cada uma das gerações presentes no mercado de trabalho e suas principais características.
Baby Boomers
Nascidos entre 1946 e 1964, os profissionais dessa geração valorizam estabilidade, trabalho duro e hierarquia. Outra característica é a preferência pelo contato pessoal e comunicação presencial, principalmente devido ao menor uso de tecnologia na sua formação.
Geração X
Os profissionais nascidos entre 1965 e 1980 buscam ser independentes e valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Essa geração também atua como facilitadora na comunicação entre os profissionais das gerações Y e Baby Boomers, já que foram pioneiros na adaptação às novas tecnologias.
Geração Y ou Millennials
Nascidos entre 1981 e 1996, são atualmente o maior grupo ativo no mercado de trabalho. Valorizam propósito, flexibilidade e reconhecimento, sendo adeptos ao feedback constante e ao conceito de lifelong learning (aprendizado contínuo).
Geração Z
Digitais nativos, nascidos entre 1997 e 2010. São profissionais que buscam agilidade, autenticidade e flexibilidade, equilibrando a vida pessoal e profissional. Preferem oportunidades híbridas ou em home office.
Geração Alpha
Nascidos a partir de 2010, ainda estão em fase escolar e começando a entrar no mercado de trabalho como jovens aprendizes e estagiários. Apontam para um futuro hiperconectado, já que são a primeira geração totalmente imersa em tecnologias digitais desde a infância.
Leia também: Gerações no mercado de trabalho: desafios e características

Desafios do etarismo nas empresas
A convivência entre diferentes gerações, quando não bem administrada ou incentivada no ambiente corporativo, pode gerar ruídos na comunicação, choques de valores e resistências às mudanças, muitas vezes decorrentes de estereótipos ou barreiras na linguagem. Esses desafios, se não forem gerenciados adequadamente, podem comprometer o clima organizacional, reduzir a produtividade e afastar talentos.
Além disso, o etarismo pode criar ambientes de trabalho fragmentados, nos quais a colaboração é prejudicada e o aprendizado mútuo entre gerações se perde, pois as equipes não conseguem ou não costumam trabalhar juntas.
Por isso, é papel das lideranças, gestores e do RH identificar essas barreiras e propor ações efetivas que favoreçam a integração e a escuta ativa, promovendo uma cultura em que a troca de experiências e diferentes perspectivas seja valorizada como diferencial competitivo. Com políticas claras e um ambiente de respeito, é possível transformar esses desafios em oportunidades de crescimento coletivo e fortalecimento da identidade organizacional.
Vantagens da diversidade geracional nas empresas
Organizações que promovem a diversidade etária colhem resultados positivos expressivos. Estudos indicam que empresas com equipes multigeracionais apresentam performance superior em até 20%. Isso acontece porque a combinação de profissionais mais experientes, com conhecimento acumulado e habilidades técnicas e comportamentais, junto à energia, criatividade e familiaridade tecnológica dos mais jovens, cria um ambiente de aprendizado mútuo e enriquecimento corporativo, no qual cada geração contribui com o seu melhor.
Além disso, a diversidade de perspectivas favorece uma tomada de decisão mais qualificada, enquanto a troca constante entre gerações fortalece a cultura organizacional e amplia o senso de pertencimento.
Ambientes inclusivos, que valorizam todas as faixas etárias, também apresentam menores taxas de rotatividade e maior engajamento dos colaboradores. Esses fatores geram impactos diretos na produtividade, na inovação e na retenção de talentos.

Como combater o preconceito por idade nas empresas?
Gestores, lideranças e equipes de Recursos Humanos desempenham papel fundamental na construção de uma cultura organizacional que respeita e valoriza a diversidade etária. Mais do que apenas delegar tarefas, cabe à liderança criar um ambiente de confiança e respeito mútuo, onde profissionais de todas as idades possam contribuir com seu conhecimento e experiência.
É essencial que os líderes estejam atentos a barreiras na comunicação, conflitos e vieses inconscientes, trabalhando ativamente para gerenciá-los e promovendo uma convivência saudável e inclusiva.
Algumas ações podem ser tomadas para combater o etarismo dentro da empresa, entre elas a implementação de políticas claras de diversidade e inclusão que valorizem todas as faixas etárias.
Promover treinamentos para conscientizar colaboradores sobre os perigos dos estereótipos etários e o valor da diversidade geracional também é fundamental. Outra ação que tem ganhado destaque em várias empresas é a mentoria reversa, na qual profissionais mais jovens apresentam conhecimentos e perspectivas aos mais experientes.
Com essas práticas, as empresas criam uma cultura que busca eliminar o preconceito por idade e transformar as diferenças em oportunidades de crescimento coletivo, enriquecendo o ambiente organizacional e impulsionando a inovação.
Leia também: Como lidar com a diferença geracional no ambiente profissional: visão profissional

A inclusão etária será cada vez mais reconhecida como uma vantagem competitiva. As empresas que conseguirem promover essa diversidade estarão mais preparadas para inovar, atender diferentes públicos e construir ambientes empáticos, colaborativos e sustentáveis.
O etarismo é um desafio real, mas pode ser superado com consciência, educação e mudança cultural. Em um mundo que valoriza cada vez mais a diversidade, não faz sentido excluir pessoas por sua idade. Pelo contrário, quanto mais diferentes forem as experiências, maior será o potencial de crescimento coletivo.
A convivência entre gerações deve ser encarada como uma oportunidade para evoluir, inovar e construir ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. Investir na inclusão etária é, acima de tudo, uma decisão inteligente e humana.
Gostou do artigo de hoje? Esperamos que ele ajude você a entender melhor as vantagens e os desafios das diferenças geracionais.
Não deixe de acompanhar as redes sociais do BNE para mais conteúdos.
Sobre o Banco Nacional de Empregos
Há mais de 25 anos no mercado, o Banco Nacional de Empregos (BNE) é um dos sites de currículos mais importantes do Brasil, com o objetivo de facilitar a conexão entre empresas e profissionais de forma rápida e eficiente. O BNE conta com mais de 135 mil empresas cadastradas, que buscam currículos diariamente e oferecem diversas novas oportunidades de trabalho todos os dias.

